quarta-feira, 25 de maio de 2011

Sem coração

E me disse mais uma vez que não se interessava por aquilo, eu insisti, e percebi mais uma vez que mentia. Mentia pela doce ilusão de enganar-se a si mesmo, de enganar seu mundo, sua alma e seu coração. E se em algum dia já não quiser mais mentir, será, certamente porque descobriu que aquele peito de lata, que nem tinha coração, percebeu que ele bateu, e doeu.

Desculpas e perdas

Esqueça todos aqueles pedidos de desculpa e venha de novo dizer que não aguenta mais as minhas verdades na tua cara, escorrendo pela tua pele, que de quando em quando tomam forma de uma gota, uma lágrima. Somando todos os teus argumentos não consigo chegar nem na metade da intensidade do que eu chamo de vontade de viver de novo, e não sobreviver. Fico pensando em como seria a sensação de perceber que novamente eu perdi, por vontade própria, o que um dia pensei que fosse felicidade.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Teoricamente falando

Tintin por tintin, agora eu sei como é. Tudo eu vi, percebi, processei e entendi. Só ficou aquele pontinho de interrogação que a gente nunca vê, mas sabe que existe. Melhorar foi fácil diante da complexidade do teu inconsciente. A minha vida é só um asterisco quando penso em tudo o que deve ser a tua alma, e deve ser por isso, que de fato, eu desvendei esses mistérios, os teus mistérios, os meus dilemas. Peço todo dia para as minhas forças cognitivas superarem o poder da tua psicanálise. Será? Sonho por sonho, memória por memória, toque por toque e beijo por beijo, eu percebo que a tua teoria não é melhor que a minha, mas me completou.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Resumir

Tudo se resolve, se muda, se controla. Aprendi com o passar do tempo a gostar disso, afinal o que seria de nós se não pudéssemos voltar atrás? Não que isso seja bom, mas é necessário, e muito. Arrepender-se é sim um bom sinal, sinal de que a ficha caiu e o jogo se abriu. Quando eu me arrependo e volto atrás eu resolvo, eu mudo, eu controlo. Resolver e mudar é bom demais, mas controlar nem é tão bom assim, na real o que eu queria era deixar rolar, explodir, transbordar, superar. Melhor mesmo é resumir. Enquanto isso eu resumo e me parto ao meio, deve ser melhor estar na metade do que cheia, de qualquer coisa.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Ponto e vírgula

Deve ser porque eu não tenho mais paciência, que tudo assim, de uma hora para outra, se tornou indissolúvel. Não consigo mais simplificar as coisas, vira bola de neve, tempestade. O teu mundo deveria ser o meu, e o meu, o teu. Não é assim, e nunca vai ser. Bobagens deixadas pra trás, coisas não ditas, expressões sem sentido, tudo isso fez do hoje o que vemos, nostálgico e retalhado. Volto pra trás e vejo o que deixamos, uma virgula atravessando a frase pra remediar um ponto final.